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JOGOS

Eu estava de férias. Precisava me alienar de tudo um tanto. Confesso ter sido difícil saber sobre Brumadinho – uma dor que se instala, faz o peito pesar e dá uma vontade imensa de sair abraçando todo mundo para sentir que humanidade ainda existe.

Pouco antes de voltar, vi a zona de guerra instalada no Senado e outras tantas metáforas do “mar de lama” novamente encenadas histrionicamente. Cabe lembrar que a paternidade da expressão é atribuída à Getúlio Vargas, quando relatou a um coronel da Aeronáutica a decepção que sentiu ao constatar as jogadas corruptas do chefe de sua guarda pessoal. “mardelama” é senha para corrupção desenfreada – imagem feroz – coisa que remete ao atraso em tempos tão urbanos.

Nos idos tempos do Século XX, uma americana chamada Elizabeth Magie, por meio do Jogo do Senhorio, desenvolveu a base do que seria o Banco Imobiliário – um dos jogos de tabuleiro mais conhecidos e coisa muito popular na classe média de ontem, descobertos como uma super ferramenta de comunicação, inclusive para evidenciar como o monopólio gera desigualdade e pobreza. Os jogos são uma ferramenta poderosa para incitar reflexões e questionamentos que gerem mudança.

Com essa ideia na cabeça, num Brasil de 2015- onde o cenário era de fervor e indignação – nasceu o Fast Food da Política – uma organização que desenvolve e aplica processos educacionais que usam elementos e estruturas de jogos, como ferramentas para disseminar o aprendizado de conteúdos complexos. São mais de 20 passatempos disponíveis no site do projeto e 90 protótipos que abordam as bases e funcionamento dos três poderes, o processo eleitoral e políticas.

É difícil encarar os desafios? Sem dúvida. Mas é possível fazer parte da mudança - desde que saibamos o que queremos e por que queremos. Desde que estejamos juntos. Só entendendo as regras do jogo é que seremos capazes de escolher os jogadores certos e evitar que outros "maresdelama" nos devastem.

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