Não é eterno, é agora. Não é igual, é diferente. Não é perfeito, é humano.
Não é drama porque tem um Q de comédia. Amor como nunca se viu antes e como se vê todo dia. Bom, complicado, terno, engraçado, e o melhor, possível.
A intimidade é o maior teste de alma, a essência de uma relação e se constitui daquelas coisas que não se fala – se faz. Ser íntimo é fazer parte das memórias do outro. Saber que aquilo que nos tornamos é de determinado jeito por que essa pessoa entrou na nossa vida e a história se fez mutuamente.
Tudo começa pelo conhecimento mais profundo do outro e essa aventura não é nada fácil como parece nos filmes. Se nos aproximamos exageradamente, o risco é tomar a parte pelo todo e tirar conclusões falsas e se mantemos distância, podemos morrer afogados na superfície.
Tem uma parábola onde quatro cegos tentam descrever um elefante com base na parte em que tocam: o que apalpa a tromba, o considera parecido com uma serpente; o que mexe na pata, o compara a um tronco de árvore, o que toca o corpo, imagina uma montanha móvel; e por fim, o que fica com a presa, jura que o bicho é como uma espada.
Quando nos distanciamos um pouco para ter uma imagem geral da pessoa que amamos, oferecemos o espaço necessário para se revelar, mas também para silenciar e omitir, ir e vir. Assim, abrimos mão dos detalhes e do controle minucioso que insistimos em ter.
Que ninguém espere por uma cumplicidade súbita, imediata – é um processo – exige tempo e está associado àquilo que é verdadeiro.
Intimidade exige boa comunicação – íntimo é aquele que está por dentro, que atua no interior. Se isso se rompe, o silêncio começa a pesar e não se trata de uma quietude confortável, mas de mágoa, indiferença ou pura falta de interesse.
Intimidade é ler os olhos, os lábios e as mãos de quem está com você. Mais do que repartir um endereço, é repartir um projeto de vida. Não basta estar disponível, não basta apoiar decisões, não basta acompanhar no cinema: intimidade é não precisar ser acionado, pois já se está mentalmente a postos.