Tem sido difícil!
Nervos a flor da pele, gestos extremados e impensados – desnecessários – porém, frequentes.
Imagens doidas e doídas de brutalidade, de ódio, de homens que deveriam ser adultos, de mulheres que deveriam se sentir seguras, de crianças que não sabem se haverá um amanhã.
Em retrospecto, vem à memória, uma foto de um grupo de crianças correndo, nuas e desesperadas. Era 1972, na aldeia de Trang Bang, Vietnã. Elas corriam das bombas napalm que haviam sido jogadas sobre suas cabeças.
Um fotógrafo que registrava os horrores da guerra, viu quando uma menina de nove anos teve seu corpo tomado pelas chamas e a carregou nos braços até o hospital. Ali, em meio a tantas outras pessoas, estavam também a tia e dois sobrinhos da menina. Um tinha três anos e o outro, nove meses. Morreram sem tempo de serem socorridos, enquanto a menina, passou por 17 cirurgias consecutivas para se recuperar das queimaduras que tomaram, pelo menos, metade de seu corpo.
A menina pequena era forte e tinha ganas de viver. Cresceu, estudou farmácia, ganhou uma bolsa para estudar em Cuba e foi. Com as marcas que deixaram uma geografia muito específica em seu corpo, ela achava que casar e ter filhos, não era para ela. Enganou-se. Em meio aos estudos, conheceu seu marido, tem dois filhos e vive no Canadá, onde é embaixadora da Unesco para a cultura da Paz. Sue nome é Kim Phuc, e sua foto é uma das mais famosas da história, porque costuma funcionar como uma alerta para o que o ser humano é capaz de fazer.
Quando Kim tinha 19 anos, alguém lhe perguntou o que seria capaz de fazer caso encontrasse o homem que despejou aquela bomba sobre sua vida e, sem pestanejar ela disse que não podia mudar o passado, mas podia tentar fazer o melhor no presente, para que no futuro todos vivessem em paz.
Em uma cerimônia, anos depois em Washington, EUA, ao proferir seu discurso, Kim disse que seu maior desafio foi perdoar às pessoas que tinham feito algo tão cruel, mas que seguiu firme pedindo a Deus, que a ensinasse a perdoar e curasse seu coração.
“Vivi sob um governo autoritário e agora sei o valor da liberdade. Vivi na pobreza e agora sei dar valor para as coisas que tenho. Vivi a guerra e hoje sei a importância de viver em paz”.
Criador:Nick Ut,
Crédito:The Associated Press
Meu desejo é que não precisemos de uma guerra para encontrar a paz, que não precisemos de uma bomba para enxergar o outro, que não precisemos perder nada para saber o quanto éramos felizes e não nos dávamos conta.